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Ordo 2024 com as rubricas de São Pio X

Pe. Leonel Franca

A Psicologia da Fé – resenha da obra do Padre Leonel Franca

Merecida é esta obra do insigne jesuíta, que dedica ao estudo psicológico entre os diferentes aspectos diante das considerações sobre o problema complexo da fé e sobre as questões da alçada da teologia, trata das relações da intervenção sobrenatural da graça, à necessidade da fé para a salvação, à economia da Providência divina na vida religiosa dos infiéis. De todo o trabalho demonstrativo, analisando fatos históricos do processo de conversão dos principais personagens da história ao catolicismo e os obstáculos que fizeram e criaram muitos personagens que tinham uma visão hostil do catolicismo, fez com que esta obra do Pe. Franca alcançasse um grande êxito desde a primeira vez que foi editada na primeira metade do século XX até os tempos de hoje.

A obra também possui o seu valor apologético. Ainda que não se trata de um dos pontos que esta ciência se dedica como: a Existência de Deus e sua natureza, da Criação, do Homem, Relações entre Deus e o Homem, da necessidade de religião, a Revelação e seus sinais, Divindade do Cristianismo e da Igreja Católica; está vinculada diretamente e se apóia concretamente no plano prático ao executar. Segue a mesma esquematizada da seguinte maneira:

  1. Análise do Ato de Fé;
  2. Obstáculos intelectuais;
  3. Obstáculos morais;
  4. Conquista da fé.

Livro I – Análise do ato de fé

Esta primeira parte se dedica a falar sobre a definição de fé; a fé e a inteligência; A vontade e a fé.

A definição de fé é aqui tratada em três aspectos: no sentido vulgar, no ensino da Igreja e no Novo Testamento.

No primeiro aspecto (sentido vulgar), o autor procurar mostrara os diversos sentidos que dão a palavra creio, seja como opinião, caso provável e também como um ato de confiança ou sentimento de confiança, declarado estes dois últimos pelos protestantes e modernistas.

No segundo aspecto trata-se da definição de fé segundo a Igreja, cuja expressão se encontra definida no Concílio Vaticano I como: uma virtude sobrenatural, pela qual, prevenidos e auxiliados pela graça de Deus, cremos como verdadeiro o conteúdo da revelação, não em virtude de sua verdade intrínseca, vista pela luz natural da razão, mas por causa da autoridade de Deus que não pode enganar-se, nem nos enganar-nos (cf. Sessão III, c. III. Denzinger. Enchridion symbolorum, 1789; apud. op. cit., p. 14)”. Assim também ensina o Catecismo Romano de Trento e os mais simples catecismos da doutrina cristã: “Neste lugar, a palavra “Creio” não tem a significação de “pensar”, “julgar”, “dar opinião”. Conforme ensina a Sagrada Escritura, significa uma adesão absolutamente certa, pela qual a inteligência aceita, com firmeza e constância, os mistérios que Deus manifesta. Para se compreender melhor este ponto, [basta dizer] que só crê propriamente quem está certo de alguma verdade, sem a menor hesitação (Catecismo Romano de Trento, Iª part., cap. II, parág. 2)”.

No terceiro aspecto, procura o autor demonstrar no Novo Testamento, em particular o ministério exercido por Jesus e os ensinamentos nas Epístolas de São Paulo.

Aqui, o autor conclui então que a fé (cf. Leonel Franca S. J. Psicologia da fé. 6ª ed., Ed. Agir, 1952, p. 18):

  • É um ato da inteligência pelo qual admitimos como verdadeira uma doutrina atestada pela autoridade divina;
  • É um ato livre, dependente da nossa vontade e, por isso, sob o domínio da nossa responsabilidade moral.

A fé e a inteligência trata os seguintes assuntos:

Primeiro aborda a questão da certeza e da dúvida, que são, conforme o autor, as atitudes que pode tomar a nossa inteligência em face da verdade e também os estados mentais nitidamente diferenciados, na qual: um, definitivo, tranqüilo, pacífico: é a posse consciente da certeza; outro, provisório, instável, inquieto: é a dúvida (op. cit., p. 19).

No segundo, faz-se distinção entre certeza de ciência e certeza de fé, donde o primeiro são aquelas que não se propõe imediatamente, senão depois que é demonstrada pelas evidências imediatas e partindo pelos processos lógicos de dedução (uma verdade lógica que se infere outra nela virtualmente contida, como por exemplo as demonstrações matemáticas). O segundo é caracterizado não por uma evidência interna, mas extrínseca, caracterizada pela palavra autorizada de outrem que no-lo afirma e que também interfere como exemplo de muitas de nossas relações na sociedade (ex: relação entre o pai e o filho, donde o primeiro testemunha o que é deste último, sem prestar qualquer demonstração).

No terceiro, partindo das relações que temos na sociedade como do jornal que lemos, dos exames médicos e suas afirmações, do remédio que o farmacêutico nos oferece, conclui o autor, que a fé é natural no sentido próprio da palavra: atividade cognoscitiva inerente à nossa natureza e indispensável ao seu aperfeiçoamento (op. cit., p. 26).

O mesmo se diga também no âmbito religioso, é divina e é uma virtude pela qual admitimos como verdade o conteúdo da revelação cristã, não porque o penetramos com as luzes da razão, mas em virtude da autoridade de Deus que não se engana nem nos pode enganar (op. cit., p. 29). E esta certeza se torna sólida ao estudarmos os fundamentos da nossa fé, conhecido como preâmbulos da fé que é o objeto da Apologética.

No último assunto tratado, posto a diferença entre fé e opinião, falará sobre os diferentes estados de espírito em face da verdade, donde se conclui que ainda que na fé não há espaço para a dúvida, pode ocorrer um certo estado de inquietude, que é sanado após o exame.

A vontade e a fé. Aqui o autor realça a importância do ato da vontade para a aderir a fé, que não é somente um ato intelectual. Inúmeras são as passagens do Evangelho onde Jesus e seus discípulos mostram a participação do ato da vontade para aderir a verdade (ex: quando Nosso Senhor manda os seus apóstolos pregarem o Evangelho e que aqueles que abraçassem ou rejeitassem, seriam respectivamente ou salvos ou condenados, cf. Mc XVI, 15-16;… da mesma maneira também cf. I Jo III, 23). Há aqui então, há a apresentação da mensagem divina a vontade livre dos homens. Portanto, há uma obrigação moral de todos abraçarem a esta fé, e se alguém rejeitasse assumiria toda a responsabilidade por sua recusa e aqueles que abraçassem mereceriam com a sua atitude a recompensa dos atos bons (op. cit., p. 33). Aborda também a questão da conciliação entre a liberdade e a certeza, das intervenções livres da vontade na preparação da fé, pois trata aqui de influências legítimas e ilegítimas que podem exercer na vontade, ou seja, entramos aqui no exemplo prático de que se a fé, como foi demonstrado é um ato eminentemente racional e que as evidências extrínsecas, penhor da certeza, que encontramos ao expor os preâmbulos da fé, nos dá a credibilidade da fé, a vontade aqui exerce o seu papel de forma legítima perante os problemas práticos do apostolado de um apologista que expõe as razões da fé, mas sem muita satisfação e sem uma evidência objetiva proporcionada; e também de forma ilegítima, quando a pessoa é influenciada pelos mais diversos vícios que intervem na ordem intelectual e ordenar uma razão que as razões objetivas não imporiam (op. cit., p. 38). Também aqui faz distinção entre fé científica e fé de autoridade na sua relação com o ato de vontade. E por fim, pondo os assuntos em evidência, conclui o autor que é necessário ir para a verdade com toda a alma. Termina o capítulo com o objeto integral da apologética, onde o apologista não somente tem o dever de falar à inteligência como também de falar à vontade; trabalho de convicção e trabalho de persuasão (op. cit., p. 55). A partir daqui, o esquema da obra desenvolverá outros estudos psicológicos, mostrando os obstáculos a serem enfrentados por parte de quem há de crer, e a conquista dos convertidos perante os seus testemunhos de conversão.

Livro II – Obstáculos intelectuais

Segundo Pe. Franca, são 2 os tipos de obstáculos intelectuais que podem causar a não-abertura para o ato de fé: A Ignorância religiosa e os Vícios de método:

Ignorância religiosa. Pode-se entender a ignorância religiosa em uma simples palavra na qual outrora expressou Tertuliano, um dos Padres da Igreja: Julgar a religião sem antes conhecê-lo. O referido fato também é demonstrado  por outros apologistas como Pascal e Ollé-Laprune, e também pelos convertidos como Santo Agostinho, La Moricière e Claudel. Demonstrado é também pelos próprios incrédulos como, em destaque pelo autor: Voltaire, Kant, Spencer, Söderblom e Draper. As principais causas da ignorância religiosa, frisadas pelo autor são aquelas muitas vezes inerentes a psicologia humana, agravadas pela vida moderna, como a laicização do ensino que trás efeitos catastróficos no povo e nas classes cultas, trazendo conseqüências funestas para a cultura geral e para a vida religiosa. O autor no final do capítulo faz um apelo urgente a necessidade de instrução religiosa, tanto para os fiéis para que se firmem na defesa da fé e elevação da vitalidade interior, como para os incrédulos por questões de sinceridade.

Vícios de método. O referido obstáculo, diferente do primeiro, é definido como uma pedagogia tendenciosa que vai aprioristicamente contra a fé. Surge aqui então o preconceito, e o autor aqui aborda sua noção, origem e duração. Como conseqüência cita as correntes materialista e racionalista, citando no primeiro com Spencer e o segundo, Renan. Cita-se também Reimarus e Voltaire.

Livro III – Obstáculos morais

O orgulho. Pe. Franca salienta aqui neste obstáculo o fato do orgulho como princípio de todos os males da humanidade. Nesta parte cita como exemplo o orgulho de alguns incrédulos como Berthelot, Renan, Taine, Comte, Voltaire e Kant. Em seguida dedica-se a explicação dos fatos, ou seja, a análise do orgulho, a antítese entre orgulho e religião. Com tudo isso, conclui de que o orgulho destrói a sinceridade da investigação e a docilidade, além da decadência moral dos referidos incrédulos citados neste capítulo.

A Sensualidade. Pe. Franca nesta parte frisa que a sensualidade é conseqüência da desordem profunda produzida pelo egoísmo no equilíbrio da nossa atividade moral, quando o homem eliminou a função e conservou o prazer (op. cit, p. 160). A partir desta definição, mostra as conseqüências trazidas pela sensualidade no organismo, no coração, na inteligência. Também aborda a importância da pureza de vida para a conquista da verdade em conformidade com os testemunhos dos filósofos antigos, dos SS Padres e doutores cristãos e dos filósofos modernos. Investiga-se também as razoes psicológicas que este obstáculo causa, sobretudo para o caso da verdade religiosa e sobrenatural.

Conclusão – A conquista da fé

São de várias espécies que acontece a conversão, que pode ser causada por um drama interior (a ação de Deus) e a colaboração da alma (psicologia da conversão). Assim, Pe. Franca distingue três atos que se passam nas almas dos convertidos: A alma inquieta, a alma que busca e a alma que encontra. Nesses três atos, Pe. Franca faz um estudo dos diversos testemunhos dos convertidos.

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No fim apresenta uma série de estudos psicológicos, apologéticos e teológicos, além da história geral de conversões e autobiografias dos que foram convertidos ao catolicismo.

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